Já era três da tarde quando acordei no sofá. Minha cabeça doía levemente assim como minhas costas, graças à desconfortável cama improvisada e o excesso de bebida na noite anterior. Sentei-me e esfreguei os olhos, tentando lembrar os detalhes da noite, mas nada vinha à mente. Desistindo, levantei-me e peguei algumas garrafas de cerveja que estavam espalhadas pela sala e fui até a cozinha. Ainda estava de jeans e com uma camiseta branca, o cabelo preto despenteado caindo sob a testa.
Joguei as garrafas no lixo e fui até o banheiro, apoiando as duas mãos na pia e me encarando fixamente no espelho. Lembrei-me de ter levado minha sobrinha de dez anos ao zoológico à tarde, no dia anterior. Fui mais fundo e descobri o motivo de tudo.
“-... Então o Augusto me beijou e...
Eu, que até então permanecia completamente alheio ao que Catherine falava, voltei minha atenção à conversa.
- Quem é Augusto?
- Meu namorado, tio. Não tá prestando atenção?
- Você tem dez anos e já tem namorado?
Ela me encarou assustada, depois ela deu um meio sorriso e olhou piedosamente, repito, piedosamente para mim.
- Ah, tio Fred, não se preocupa. Você vai achar alguém pra você.”
E agora, estou nesse estado. Não que eu fosse um desesperado, mas tinha vinte e cinco anos e continuava solteiro. Namorei sério pela última vez aos quinze anos. Enquanto minha sobrinha de dez anos tinha um namorado e ainda me olhava com olhos de piedade ao dizer que eu ainda acharia alguém pra mim.
Que se dane, ela não sabe de nada. Eu não precisava de ninguém, nascera sozinho e estava muito bem assim. Claro. Estava ótimo. Enquanto dava uma geral em mim mesmo e no apartamento, permaneci com esse pensamento: Eu estava muito bem assim.
Mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde, me transportaria para o celular. Sentei no sofá e fiquei alguns minutos olhando para ele, tomando coragem para o que estava prestes a fazer. Suspirei. Não, eu estava muito bem assim. Fechei o celular e o deixei na mesa de centro, mas não saí de lá, ainda o olhando fixamente, mexendo nervosamente nas mãos. Suspirei pela segunda vez e o peguei, ainda hesitando.
Estava de olhos fechados quando a voz feminina atendeu ao telefone.
- Alô?
- Então... Catherine. Você e o Augusto. Namorando, certo?
Poxa essa historia me faz ter a estranha sensação de que eu não sou capaz de compreender a grande idéia por trás. Ou a historia é isso mesmo?
ResponderExcluirA história é só isso mesmo. A ideia é escrever histórias curtas de alguma situação, cotidiana ou não. Nada muito complexo. (;
ResponderExcluir;p
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