Eu estava completamente nua, encolhendo os ombros, tentando esconder-me dos flashes da câmera. O homem chegou bem perto de mim e levantou meu queixo. Pensei que ele fosse compadecer-se das lágrimas que então escorriam por meus olhos. Eu comecei a tremer, e ele me deu uma tapa forte no rosto, o que me fez ir ao chão.
- Pare de chorar.
Meu corpo ainda tremia e as lágrimas queriam violentamente vir à tona, mas as repreendi. Comprimi os lábios, quando ele levantou-me violentamente pelo braço. Pegou em meu queixo novamente e o empurrou para o lado, olhando onde tinha batido há alguns segundos. Bufou.
- Droga, vai ficar vermelho. Vai atrapalhar as fotos. Senta lá, daqui a pouco você volta.
Encolhendo-me, andei lentamente até a cadeira e sentei-me, sem refrear mais as lágrimas. Outra garota que estava no estúdio tomou minha posição. Estava na mesma situação que eu, mas não chorava. O homem mexia em seu rosto e mandava que ela fizesse certas posições para tirar as fotos.
Ela deveria ter entrado nessa da mesma forma que eu. Um homem bem vestido e falando bem deve ter chegado perto dela. Esse homem deve ter começado a conversar sobre negócios. Falou de sua empresa, mostrou um site, mostrou folders e muitas outras coisas. Ele deve ter feito uma lavagem cerebral. Ela deve ter ficado alguns dias em dúvida, mas aceitou o trabalho no exterior. Ele providenciou passaporte, foi completamente cortês com ela. Uma outra mulher deve ter aparecido no aeroporto e a tratado muito bem. Deve ter sido muito gentil no avião, e no carro quando chegou aqui nos Estados Unidos. Não deve ter respondido suas perguntas sobre onde estavam indo. Deve ter segurado seu braço com força quando a empurrou para a casa, e somente nesse momento ela deve ter percebido que havia algo errado. Ele deve ter tomado seu passaporte, sua identidade e deixado-a incomunicável. Ela devia estar sido mantida em uma situação precária, num lugar sujo e mal alimentada. Eventualmente, ele deveria colocar uma venda em seus olhos e a levaria para esse lugar, essa outra casa, melhor arrumada e com uma iluminação um pouco melhor, como um estúdio, mas na verdade não o era. Onde, esse outro homem tirava fotos dela. Ela deveria sentir-se perdida. Ela deveria querer morrer. Ela sentia saudades de sua vida, e amaldiçoava aquele dia que aquele maldito homem fora oferecer-lhe um emprego. Queria mudar tudo. Queria voltar no tempo, queria poder fazer alguma coisa. Mas no momento, ela só podia refrear as lágrimas e fazer poses sensuais para aquele cara. Ela com certeza, se nem ao menos pensava nisso antes, queria por tudo acabar com o tráfico de mulheres. É.
Eu entendia sua dor.
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